Obra: Ao luar
De: Lily Santos
Cap. 5
Encontro
Não dando ouvidos a Muriel, Dara
aceitou se encontrar novamente com André, ele tinha telefonado a convidado
dizendo que tinha uma informação importante pra compartilhar. Ficou curiosa com
o que ele tinha descoberto, afinal o que havia ainda pra ser descoberto naquele
caso?
Tinham marcado as 19:00 num café
em frente a uma charmosa livraria em Boa Viagem, quando chegou lá ele já
esperava. Soube disso antes de encontra-lo, podia sentir seu cheiro.
- Olá André.
Ele se levantou apertou sua mão,
e sorriu, apenas com os lábios, seus olhos a examinavam.
- Boa noite. Obrigado por ter
vindo.
Ela se sentou olhando pra ele,
fundo nos olhos. Simpatizava com humanos que mantinham o olhar, de um modo
louco a passou associar isso a ousadia. Gostava de ousadia.
- Por que eu não viria?
Só então ele desviou os olhos e
sorriu.
- Porque você fez o impossível
pra me tirar do seu apartamento quando fui lá.
Ela ergueu as sobrancelhas.
-Você é um completo estranho.
Estranho seria se eu te colocasse na minha casa com todo o conforto. Não espere
que qualquer jovem que more sozinha faça isso, mulheres geralmente levam a pior
em situações que exijam combate de força com homens.
- Você não me parece o tipo de
mulher que precisa ser protegida.
Um radar dentro dela foi
acionado. Observador demais, perceptivo demais. Isso não seria bom.
- O que você descobriu sobre a
morte dos meus pais?
Ele primeiro fez o pedido ao
garçom que estava ao seu lado.
- Um chá gelado por favor, e
você?
- O mesmo que ele.
Então guando o garçom se afastou
ele disse.
- Antes de tudo, se vamos fazer
isso juntos, queria entender algumas coisas.
- O que há pra entender?
Ele levantou os olhos das
próprias mãos e disse:- Por exemplo, porque você não quis nenhum contanto com
minha família, e porque não quis que o caso fosse publicado em jornais. Mas o
mais importante, porque você se conformou com o trabalho mau feito da policia
nesse caso.
Toda a resposta se resumia á:
“Sou uma vampira e não quero atrair atenção.” Mas não custou a inventar algo.
- Não tenho porque te explicar
minhas razões, você não tem nada haver com minha vida e minhas escolhas. Isso
tem algo haver com as investigações?
Ele sorriu e disse: - Tem sim,
afinal foram três assassinatos, qualquer comportamento fora do padrão deve ser
analisado.
- Então existe um padrão para o luto
agora? Eu tinha acabado de perder meus
pais, não queria brigar por nada, só queria ficar em casa me lembrando deles.
Não gosto de velórios, não gosto de enterro, odeio me lembrar das pessoas
mortas. Além do mais não queria a imprensa em cima da história deles, não
queria as pessoas com pena de mim.
O que não era mentira, ela nunca
tinha gostado de velórios, desde que sua avó morreu ela tinha decidido que
aquela não seria sua maneira de passar pela perda. Infelizmente, mesmo assim,
sempre se lembraria dos seus pais destroçados no carro. A lembrança ameaçou
encher seus olhos de lágrimas, não podia chorar sangue ali.
- Mas você vai dizer o que
descobriu no caso ou não?
Então os chás chegaram. Ela
arriscou umas bebericadas, o sabor era horrível.
- Encontrei uma testemunha.
Poucas coisas podiam
surpreende-la como aquela informação.
- Impossível, eu mesma procurei
por testemunhas como uma louca.
- Não procurou direito, nem você
nem a policia. Porque nas proximidades
do local do ataque encontrei um homem que diz ter visto alguém, muito sujo de
sangue, andando por lá naquela noite.
- Onde você achou esse homem. –
Desde que tinha aceitado encontrar aquele cara, aquele foi o primeiro momento em
que ela teve certeza de que iria desenterrar o caso com ele. Talvez ela pudesse
buscar algumas coisas sozinhas sem que ele soubesse.
- Como é esse homem? Pra que lado
ele andou? O que ele disse?
- O depoimento foi um pouco
estranho. Gravei o áudio ouça.
Então ele tirou um gravador de
voz da bolsa e deu play.
“ – O senhor poderia descrever como foi que viu esse homem?
- Posso sim. Era um “caba” grande, forte, mas era meio esquisitão sabe.
Não sei porque quando vi fiquei com medo, e me escondi no meio do mato, mas
continuei olhando. Usava umas roupas pretas, mas eu tomei um susto quando vi o
rosto dele cheio de sangue, principalmente na boca. Ele parou um pouco, olhou
pra o lado em que estava, como se estivesse percebendo algo, mas depois foi
embora. Só então eu sai do mato.”
- O que o senhor fazia por lá?
- Eu tava indo na casa do meu irmão, cortando caminho pela BR, fica
mais perto.”
Sem duvida se tratava de um
vampiro.
Depois que André saiu, ela foi ao
banheiro vomitar todo o chá que tinha consumido. E de lá iria começar suas
buscas.
Abraços!