quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Continuação "Ao Luar"


Obra: Ao luar

De: Lily Santos




Cap. 5

Encontro

Não dando ouvidos a Muriel, Dara aceitou se encontrar novamente com André, ele tinha telefonado a convidado dizendo que tinha uma informação importante pra compartilhar. Ficou curiosa com o que ele tinha descoberto, afinal o que havia ainda pra ser descoberto naquele caso?
Tinham marcado as 19:00 num café em frente a uma charmosa livraria em Boa Viagem, quando chegou lá ele já esperava. Soube disso antes de encontra-lo, podia sentir seu cheiro.
- Olá André.
Ele se levantou apertou sua mão, e sorriu, apenas com os lábios, seus olhos a examinavam.
- Boa noite. Obrigado por ter vindo.
Ela se sentou olhando pra ele, fundo nos olhos. Simpatizava com humanos que mantinham o olhar, de um modo louco a passou associar isso a ousadia. Gostava de ousadia.
- Por que eu não viria?
Só então ele desviou os olhos e sorriu.
- Porque você fez o impossível pra me tirar do seu apartamento quando fui lá.
Ela ergueu as sobrancelhas.
-Você é um completo estranho. Estranho seria se eu te colocasse na minha casa com todo o conforto. Não espere que qualquer jovem que more sozinha faça isso, mulheres geralmente levam a pior em situações que exijam combate de força com homens.
- Você não me parece o tipo de mulher que precisa ser protegida.
Um radar dentro dela foi acionado. Observador demais, perceptivo demais. Isso não seria bom.
- O que você descobriu sobre a morte dos meus pais?
Ele primeiro fez o pedido ao garçom que estava ao seu lado.
- Um chá gelado por favor, e você?
- O mesmo que ele.
Então guando o garçom se afastou ele disse.
- Antes de tudo, se vamos fazer isso juntos, queria entender algumas coisas.
- O que há pra entender?
Ele levantou os olhos das próprias mãos e disse:- Por exemplo, porque você não quis nenhum contanto com minha família, e porque não quis que o caso fosse publicado em jornais. Mas o mais importante, porque você se conformou com o trabalho mau feito da policia nesse caso.
Toda a resposta se resumia á: “Sou uma vampira e não quero atrair atenção.” Mas não custou a inventar algo.
- Não tenho porque te explicar minhas razões, você não tem nada haver com minha vida e minhas escolhas. Isso tem algo haver com as investigações?
Ele sorriu e disse: - Tem sim, afinal foram três assassinatos, qualquer comportamento fora do padrão deve ser analisado.
- Então existe um padrão para o luto agora?  Eu tinha acabado de perder meus pais, não queria brigar por nada, só queria ficar em casa me lembrando deles. Não gosto de velórios, não gosto de enterro, odeio me lembrar das pessoas mortas. Além do mais não queria a imprensa em cima da história deles, não queria as pessoas com pena de mim.
O que não era mentira, ela nunca tinha gostado de velórios, desde que sua avó morreu ela tinha decidido que aquela não seria sua maneira de passar pela perda. Infelizmente, mesmo assim, sempre se lembraria dos seus pais destroçados no carro. A lembrança ameaçou encher seus olhos de lágrimas, não podia chorar sangue ali.
- Mas você vai dizer o que descobriu no caso ou não?
Então os chás chegaram. Ela arriscou umas bebericadas, o sabor era horrível.
- Encontrei uma testemunha.
Poucas coisas podiam surpreende-la como aquela informação.
- Impossível, eu mesma procurei por testemunhas como uma louca.
- Não procurou direito, nem você nem a policia.  Porque nas proximidades do local do ataque encontrei um homem que diz ter visto alguém, muito sujo de sangue, andando por lá naquela noite.
- Onde você achou esse homem. – Desde que tinha aceitado encontrar aquele cara, aquele foi o primeiro momento em que ela teve certeza de que iria desenterrar o caso com ele. Talvez ela pudesse buscar algumas coisas sozinhas sem que ele soubesse.
- Como é esse homem? Pra que lado ele andou? O que ele disse?
- O depoimento foi um pouco estranho. Gravei o áudio ouça.
Então ele tirou um gravador de voz da bolsa e deu play.
“ – O senhor poderia descrever como foi que viu esse homem?
- Posso sim. Era um “caba” grande, forte, mas era meio esquisitão sabe. Não sei porque quando vi fiquei com medo, e me escondi no meio do mato, mas continuei olhando. Usava umas roupas pretas, mas eu tomei um susto quando vi o rosto dele cheio de sangue, principalmente na boca. Ele parou um pouco, olhou pra o lado em que estava, como se estivesse percebendo algo, mas depois foi embora. Só então eu sai do mato.”
- O que o senhor fazia por lá?
- Eu tava indo na casa do meu irmão, cortando caminho pela BR, fica mais perto.”
Sem duvida se tratava de um vampiro.

Depois que André saiu, ela foi ao banheiro vomitar todo o chá que tinha consumido. E de lá iria começar suas buscas.

Abraços!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Continuação! "Ao Luar" Cap. 4

De: Lily Santos

Obra: Ao Luar




Cap. 4

Sonhos

Ela estava voltando da lanchonete, na rua do seu condomínio. Era apenas uma humana com a leve sensação de estar sendo seguida, mas continuou seu caminho. Até que chegou perto da árvore que ficava ao lado da entrada do seu prédio, antes que pudesse entrar foi atacada, depois de sentir as perfurações em seu pescoço pouco a pouco foi ficando fraca, mas algo aconteceu, o mundo não apagou. De repente ela não estava mais caída no chão, não tinha mais um corpo, podia ver tudo o que acontecia, via seu corpo no chão, via o outro corpo sobre o seu, se alimentando do seu sangue, ela podia ver quem era... Queria gritar, mas não tinha voz, não respirava mais, não haviam sensações físicas.  Apenas a consciência de que estava fora de seu corpo, e que podia ver o mundo. E  podia ver com toda clareza seu próprio assassinato.
Acordou. Com as presas a postos, e com todos os seus sentidos muito aguçados pelo perigo. Aquele sonho a atormentava desde que tinha se tornado vampira. O mais estranho é que sempre que acordava não conseguia lembrar do rosto do vampiro que a atacava. Inicialmente toda vez que ia repousar tinha esse sonho, no entanto depois de um tempo já não sonhava tanto com isso. Mas a presença daquele humano havia mexido com suas lembranças, e trazido coisas a tona. Ele estava investigando as mortes, logo logo descobriria o que ela era. 
Diferente do sono humano, os vampiros apenas entravam num sono muito leve, servia para poupar energias e aumentar o tempo antes do próximo ataque. Mas não era completamente inconsciente, ela ainda era capaz de saber tudo o que ocorria a seu redor, quando os sonhos aconteciam o estado de sono se aprofundava mais, mas nem assim era possível entrar em estado de inconsciência.
Assim que acordou levantou da cama, se vestiu, precisava caçar, e lembrou de uma presa especial, que vinha acompanhando há algum tempo.
Ela era enfermeira de uma UTI, Dara sabia que ela era uma assassina. Tinha métodos curiosos de trabalhar, quase não deixava rastro, mas suspeitou dela quando ouvindo por acaso uma conversa enquanto tentava roubar uma bolsa de sangue. Desde que enfermeira em questão assumiu esse cargo as mortes na UTI subiram muito. A partir daí começou a observa-la. Entendia exatamente seu modo de operar. Escolhia bem suas vitimas, normalmente eram pessoas pouco visitadas pela família, com problemas difíceis de tratar, que tinham tantas chances de sobreviver quanto de morrer, ás vezes até menos chance de sobreviver. Então de um modo estranho ela começava a tratar bem essas pessoas. As limpava com mais frequência, cuidava bem de suas necessidades, até conversava com elas. Depois de pouco tempo aplicava uma injeção letal que simulava parada cardiorrespiratória, como as pessoas já estavam doentes, ninguém ia achar estranho, portanto não investigavam o sangue em busca de drogas causadoras de morte. Assim ela podia matar a vontade e nunca ser pega.
Dara gostava de observar esse tipo de assassino. Por isso se candidatou pra trabalho voluntário naquela UTI, lia para os pacientes duas vezes por semana, e depois de ler ficava circulando por ali sem ser vista, como só uma vampira conseguiria. Assim ela podia colher todas as informações. Tinha aprendido a se satisfazer com o prazer de selecionar, observar e tentar ver pelos olhos de suas presas, afinal ela também era uma assassina, e com razões bem específicas, matava para se manter viva, matava seres de outra espécie, assim como os seres humanos matavam animais para comer, não era uma escolha, era uma necessidade. No entanto desde que a morte passou a ser uma entidade tão presente, determinando sua existência, ela passou a pensar muito sobre ela. E nesse momento ela tentava entender o que levava um ser humano a matar outro, de sua mesma espécie, sem nenhuma necessidade física?
Aquela enfermeira era mais um caso engraçado, ela tinha uma necessidade de estar no controle, de mostrar que podia cuidar, zelar, mas podia também matar, e viver como se nada acontecesse. Era um caso especial, que estava guardando para um momento especial como aquele, em que sua alimentação deveria ser um momento de esfriar a cabeça.
Não fazia tanto tempo assim que tinha deixado de ser humana, mas naquele tempo de observação ela pode ver o quanto sua antiga espécie era complicada. Hora os seres humanos cometiam grandes idiotices por causa dos sentimentos, hora eles cometiam grandes idiotices por ausência deles.
Naquela noite ela aguardou paciente que a enfermeira saísse pra fumar, como fazia sempre a cada meia hora. Mas não podia ser muito cedo, pois não queria atenção. Então por volta das 3:40 da manhã, quando tinha acabado o cigarro e estava voltando pro posto Dara atacou. Ela estava no estacionamento, e foi atacada de uma maneira que nenhum ser humano nunca espera ser.  Como havia aprendido com seu criador, ela tapava a boca de suas vitimas, mantendo o pescoço esticado, quando acabou com a ultima gota de sangue, colocou o corpo nas costas e correu em direção ao porto de Recife, que não ficava tão longe, aquela hora não havia ninguém por lá, exceto mendigos dormindo, e alguns drogados. Procurou uma área deserta, e se livrou do dele no mar. Então ligou pra Muriel:
- Fala novata! ( Ainda não tinha perdido essa mania, que Dara achava particularmente chata )
- Preciso te ver, em meia hora na minha casa.
- Tá bem.
Ao chegar ao apartamento a pequena vampira estava esperando no sofá.
- E como sempre, você me chama pra pagar o fogo, o que houve agora?
- Não te chamei pra fazer nada, sei me virar sozinha. Só queria pedir sua opinião.
Ela abriu seu sorriso doce, com suaves linhas de expressão ao lado da boca, e uma pequena covinha, apenas do lado esquerdo. Parecia o tipo de mulher que inspirava sentidos de proteção.
- É claro que sabe. O que houve?
- Um humano, irmão do cara que morreu junto com meus pais. Apareceu aqui ontem, veio dizer que estava investigando por conta própria os assassinatos, porque não estava satisfeito com o trabalho da policia, me chamou para ajuda-lo.
- É claro que você o despachou  não é?
Dara andou até a janela, e respondeu enquanto observava a rua vazia.
- Não pude, não ia mata-lo sem uma boa razão, e eu realmente gostaria de encontrar o vampiro que criou toda essa situação.
Dessa vez Muriel não sorriu.
- Eu já mandei você parar com essa idiotice de “matar por uma razão”, eles são presa, se está com sede mate, se te incomodam ou ameaçam te expor, mate também. Você não é mais um deles. Além do mais, nós duas investigamos, e não conseguimos nada. Esse vampiro deve ser muito velho, e deve estar muito longe daqui, se não eu já teria achado.
- Quero procurar mais, e não deveria fazer isso com esse cara, mas ele tem dinheiro, muito dinheiro, sei que fiquei com muito também do seguro, mas ele pode ajudar. Só não sei como vou manter meu segredo com ele.
Muriel revirou os olhos.
- Você já sabe o que fazer, não me encha mais com conversas sobre esse cara, estou indo.

Abraços, até a próxima!













sábado, 27 de julho de 2013

Continuação!

De: Júlia Lemos

Obra: Opostos 




Cap. 3
O beijo

Depois da vergonha que passou na cerimonia de casamento, Amanda perdeu todo o clima pra festa, não ia querer todo mundo olhando pra ela, apontando e dizendo “Olha lá vai a garota que foi madrinha de casamento com uma calça masculina maior que ela!” Por isso preferiu ir pra casa, e Noah foi legal o suficiente pra leva-la.
Ao parar diante da casa dos tios de Amanda ele disse:
- Então, o quê você vai ficar fazendo?
- Não sei, acho que vou dormir.
Ele resolveu que poderia fazer algo pra deixar a noite dela mais divertida, além disso estaria se redimindo do mal estar que havia sido criado quando se conheceram.
- A gente poderia ver um filme, e pedir pizza, comida chinesa, ou qualquer coisa que você gostar. E ai?
Ela sorriu.
- Tá, tudo bem, entra ai.
Eles entraram, ela vestiu um vestidinho solto e calçou chinelos, afinal, não iria ficar o resto da noite com a famigerada calça.
Ele sorriu e disse: - Você está bem melhor assim!
Ela remexeu no pequeno móvel que acomodava a televisão procurando algo bom pra assistir. Mas a única coisa que havia ali era “Dirty Dancing”. Ela levantou a capa do DVD para que ele visse.
- Sério que só tem isso?
- Muito sério.
Ele se deu por vencido.
- Se é a única opção.
Lá pela parte em que Baby e Jhony começam a treinar a clássica coreografia juntos a pizza chegou. Eles resolveram parar um pouco o filme pra comer.
Enquanto comiam ela resolveu iniciar uma conversa.
- Você trabalha com quê?
- Administração de empresas, na verdade trabalho no setor de custos de uma multinacional. E você, o que faz além de trabalhar na loja e espantar os clientes?
Ela sorriu.
- Não espanto os clientes. Na verdade espanto sim, só os chatos e mal educados. E além de trabalhar faço faculdade de letras.
- E sobra tempo pra estudar?
- Sobra, trabalho de 7:00 as 14:00, ganho uma parte da tarde e estudo a noite, não é a melhor maneira de fazer faculdade, não posso ingressar em nenhuma pesquisa e coisas assim, mas tem dado certo pra mim.
Ele engoliu um pedaço, esperou alguns instantes e disse: - Deve ser por isso que não sobra tempo pra você ter um namorado.
Ela franziu as sobrancelhas antes de responder:
- Não me lembro de dizer que eu não tinha um namorado.
- Você não disse, mas eu quis chutar.
- Por que?
Ele largou a pizza. E se aproximou dela, estavam sentados no tapete.
- Porque eu precisava saber se havia algum problema se eu te beijasse.
Ela não chegou a responder (Se tivesse tempo ela nem conseguiria...), antes que pensasse em algo ele a beijou. E a química foi quase instantânea. Ele começou com a mão delicadamente colocada em sua nuca, o beijo que começou como algo muito carinhoso ganhou uma intensidade incrível, ela não queria parar, e todo o seu corpo emitia sinais da atração que rolava ali. Quando ele finalmente parou de beija-la, ela estava ofegante e não pensou em nada inteligente pra falar por isso deixou escapar.
- Você não me deixou responder. Se eu realmente tiver um namorado?
Dessa vez que ele sorriu ela prestou atenção aos mínimos detalhes, as linhas que apareciam ao lado da boca, aos dentes certinhos e grandes, ao modo como os seus olhos formavam rugas e ficavam apertados. Deus do céu, ele era lindo, e ela não podia se apaixonar sem saber que tipo de envolvimento ele estava buscando.
- Você tem?
- Não.
- Foi exatamente o que eu pensei.
Então se beijaram novamente. E quando o beijo chegou ao fim ele disse.
- Quem diria que aquela garota mal humorada poderia ser tão agradável.
Só mesmo ele pra estragar o momento, ela aproveitou a brecha pra voltar ao filme, não podia mais se aproximar tanto, não se responsabilizaria pelo que iria acontecer se o beijasse daquele modo de novo.

...

De volta pra casa ela não pensava em outra coisa, queria sair com ele de novo, e a única pessoa em que ela pensaria pra aconselha-la sobre esses assuntos era Fernando. Então um dia, enquanto jantavam, depois que Amanda chegou da faculdade ela perguntou.
- Como um cara deixa claro que ele só tá afim de um lance e mais nada?
Ele parou pensou, e disse:
- Não sei, depende do cara da situação, de como se conheceram. Normalmente quando um cara tá afim de um lance ele sai de casa procurando um lance, e não se abre tanto pra possibilidade de arrumar alguém mais sério, isso acontece quando ele se abre pra essa possibilidade, e de alguma maneira ele conhece alguém que parece ter aquele que ele procura. Mas é claro que não é uma regra geral, as pessoas são diferentes umas das outras.
- Sabe tem um cara, eu conheci ele numa situação tão louca, mas de uma maneira inesperada rolou um clima, e não sei bem como entender o que ele esta querendo, do jeito que os caras andam hoje você não pode simplesmente se abrir pra sentimentos, pode ser que ele nem queira nada a mais...
Ele sorriu.
- Olha só quem está se apaixonando, mas já estava na hora viu, você estava muito sem companhia.
- Você é quem pensa, você não sabe de nada porque em vez e trazer os caras pra cá normalmente vou pra casa deles, mas eu tenho meus lances, não tantos, alguns.
Na verdade fazia seis meses que ela não saía com ninguém, e quando saía não era com tanta frequência, mas ela tinha seus flertes.
- Mas me conta que cara é esse?
Então ela contou tudo o que tinha acontecido, no meio da história Luíza chegou e também ficou a par de tudo.
- Nossa Amanda, eu achei esse cara um charme, você tem que ligar pra ele e convidar 9pra jantar.
Fernando logo discordou.
- Não seja tão óbvia, não porque a mulher não possa convidar, mas deixe um mistério no ar, não mostre logo que está afim, liga mas dá um de quem só ligou dar um oi, e não está se importando tanto assim. Vai por mim, isso instiga, passa uma ideia de autoconfiança.
Era um pouco tarde mas ela ligou.
- Oi Amanda tudo bem?
- Tudo e você?
- Tô ótima.
( Silencio constrangedor )
- Sabe chegaram uns livros daquela coleção que você brigou comigo por um, lembrei de você. ( Ela ficou se perguntando se não tinha nada mais legal pra falar, mas foi isso que saiu )
- Adoraria passar lá pra olhar, e depois sair pra comer com você quem sabe... Mas tô em São Paulo agora. Não paro de pensar em você e no seu beijo.
( Ela realmente não soube o que dizer )
- Estou imaginado você com as bochechas vermelhas de constrangimento.
- Não estou constrangida. – Ele ouviu o sorriso o outro lado da linha.
- Imagina. Olha eu preciso dormir agora, porque acordo muito cedo amanhã, mas eu adorei falar com você.
Depois de se despedirem e desligarem, os dois telespectadores finalmente puderam perturbar Amanda á vontade. Mas ele estava pensando nela, e de alguma maneira que ela não podia entender isso tinha deixado a noite mais feliz.



 Abraços!



quarta-feira, 24 de julho de 2013

Continuação!



De: Lily Santos

Obra:  Ao luar




Cap. 3

Eles

A noite Recifense era ótima para um vampiro, as ruas do Recife antigo escondiam algumas boates. No entanto durante a madrugada as ruas não eram tão agitadas, era possível ver algumas ruas com mais pessoas, e a maioria vazia, cenário perfeito para matar sem ser visto.
Mas Dara não estava querendo matar, afinal havia matado o assassino do drogado há pouco tempo, agora ela queria dançar. Havia uma boate chamada “Underground”, que ficava entre os prédios antigos do Recife antigo, era um bom lugar pra se encontrar vampiros, se os humanos fossem bem informados não frequentariam aquele lugar, mas como não eram, lá se encontravam, na mesma medida, humanos e vampiros. 
Depois da morte do traficante Dara foi para a Underground, se vestia como uma jovem comum. Jeans, camisa do AC. DC., allstar branco. Já estava dançando quando sentiu o cheiro dele.
- Pensei que não ia te ver hoje... – A voz grave falou bem junto a seu ouvindo, e depois o seu dono depositou um beijo leve no pescoço dela. Antes de se virar para ver o dono da voz, Dara já sabia quem era.
- De fato eu estive um pouco ocupada...
- Sempre misteriosa, um dia descubro como você ocupa suas noites.
Miguel era um dos poucos vampiros com os quais Dara se permitia conviver, ela não confiava nele, não inteiramente, pois não se confia inteiramente em nenhum vampiro, exceto no seu criador, que no caso dela não tinha aparecido ainda. Tudo bem confiava em Muriel, mas nesse caso era diferente, Muriel passou todo o ultimo ano ensinando tudo o que Dara poderia saber para se manter em sua nova existência. Mas Miguel era alguém interessante, não era alguém que pudesse passar despercebido, não porque era incrivelmente bonito, porque não era, mas era interessante. A maneira como ela reagia não seguia um padrão, poderia ser doce, amoroso, sanguinário, frio e calculista. Dependendo da ocasião e das pessoas com quem ele se envolvesse era possível obter qualquer tipo de reação. Nesse aspecto não era diferente da maioria dos seres humanos, a diferença é que ele não fazia questão de esconder isso.
- Só quando você merecer...
Na verdade ele sabia exatamente o que ela fazia, mas queria saber também o quanto ela confiava nele, e enquanto ela não contasse, ele não diria nada, ele gostava dela. Não esse amor estupido que a maioria das pessoas sente, era algo menos sentimental e mais atrativo, ela era o tipo de vampira com quem ele gostaria de estar em alguns momentos, não sempre, se tinha algo que ela não entendia, ou tinha esquecido como funcionava em ser humano, é essa necessidade de ter alguém com você o tempo inteiro. Miguel acreditava que as pessoas deveriam ser livres, e se encontrar apenas quando tiverem vontade, pra ele isso se parecia mais com amor do toda aquela relação sufocante que os humanos desejavam. Mas quem era ele pra falar de amor? Apenas um vampiro sem sentimentos...
Ele tinha sido o primeiro caso de Dara com um vampiro. Estava longe de ser o único, mas o mais duradouro, hora longe, hora juntos. E todos ficavam felizes assim.
Dançaram juntos, até que algumas horas depois ela o convidou pra ir com ela pra casa. Para ficarem juntos até que o dia amanheça, e eles tenham que deitar e esperar novamente que a noite chegue. 
Pouco antes de amanhecer estavam deitados, ainda nus. Quando ele interrompeu o silencio.
- O que você tá procurando?
- Quem disse que estou procurando algo?
Ele sorriu. 
- Tenho duzentos anos. Algumas coisas ficam bem obvias quando a gente se acostuma com o comportamento dos outros. E você se comporta como se buscasse algo.
- E porque você resolveu falar sobre isso agora?
Ele demorou um pouco e disse:
- Porque você não fala muito sobre si mesma, eu gostaria de conhecer você melhor.
Ela se levantou, vestiu uma camisola e disse:
- Não tem nada pra conhecer. Eu isso que você vê. Se não for suficiente, não posso lhe oferecer mais nada.
Ele tinha demorado muito pra uma abordagem como aquela, porque sabia que acabaria assim, mas era paciente, saberia fazer com Dara fosse sua aliada e confiasse nele.
-Aliás, falta meia hora pro nascer do dia, acho que ainda dá tempo de você ir pra sua casa. 
- Me dispensando? – Perguntou, com uma expressão divertida no rosto, apontando pra si mesmo, como se ele fosse um ser indispensável. – Pelo que lembro da ultima vez que vim, você pediu pra que eu deitasse com você durante o dia.
- Mas hoje eu estou com vontade de ficar só. E você vai estragar tudo se amanhecer e não tiver ido embora. 
- Ácida. – Ele falou, vestiu as roupas e saiu correndo.
...
Naquele dia Dara teve um descanso agitado, porque ouviu um homem que passou o tempo todo tocando a campainha, primeiro de manhã. Logo cedo, depois no meio da tarde. E depois, pelos ruídos que pôde ouvir, ele ficou sentado nos banquinhos em frente ao seu prédio. Mal podia se aguentar para que o dia amanhecesse, afinal quem era ele? E o que ele queria?
Assim que o sol se escondeu ela levantou. Tomou banho, se vestiu, se penteou, e esperou que ele tocasse a campainha, e meia hora depois ele tocou novamente. Pelo interfone ela confirmou que ele era um completo desconhecido. Mas como deixar um humano estranho entrar em sua casa não oferecia mais risco, ela deixou, por pura curiosidade, afinal desde que tinha se tornado vampira que não recebia humanos em sua casa, tinha criado uma espécie de exílio pra si mesma. 
Assim que abriu a porta se deparou com um homem de aproximadamente 28 anos, um pouco mais alto que ela, com aquela cor típica dos brasileiros mestiços. Cabelos e olhos muito escuros, barba por fazer. Bonito.
- Posso ajuda-lo em alguma coisa?
- Dara não é isso? Dara Monfredini?
Ela começou a ficar desconfortável, ele não era um assassino comprovado, mas se fosse necessário o mataria.
- Sou André Luz, irmão de Rodrigo, o jovem que morreu com seus pais ano passado. Estou investigado a morte dele, e por consequência a morte dos seus pais, por iniciativa pessoal mesmo, é possível conversar um pouco com você?
Ela realmente não esperava por aquilo, de fato soube que Rodrigo tinha família e irmãos, mas não esperou ser procurada por nenhum deles, nem que eles tivessem investigando tudo, porque ela mesma tinha tentado e não conseguiu muita coisa. 
- Claro que sim, entre por favor.
Não sabia o que esperar daquela conversa, mas sabia que aquele homem ia lhe gerar problemas.

Aguardem o próximo capítulo! Abraços!

sábado, 20 de julho de 2013

Continuação!




De: Júlia Lemos
 Obra: Opostos





Capitulo 2

Casório

Estava de malas prontas. Na verdade “malas prontas” é um pouco modesto, perecia que ia se mudar eternamente, ela estava com uma mala gigante, uma capa com seu vestido longo, mais uma sacola para os sapatos e uma nécessaire com todos os artigos de maquiagem que ela tinha, afinal seria madrinha. Assim que desceu na rodoviária viu o carro do seu tio esperando.
- Oi tio!
- Amanda, você só vai passar um fim de semana aqui, porque tantas malas?
- Porque vai ser um casamento, eu preciso me arrumar vou ser madrinha. Por falar nisso a Lua já disse quem vai ser meu par?
Eles entraram no carro.
- Disse, se não me engano é um amigo do noivo dela, chegou se São Paulo a pouco tempo pra trabalhar em Recife.
- Hum, legal, espero que seja bonito, sua sobrinha está muito solteira.
Ele sorriu. Assim que chegou em casa abraçou a tia e ligou pra prima.
- Oi Lua, acabei de chegar, onde vai ser o ensaio? Na igreja? Sim, vou só tomar um banho e me trocar pra ir... O quê? Ele é um gato! Ai então eu vou demorar!
Sua tia colocou a cabeça na porta do quarto: - Quem é um gato?
- O meu par no casamento. Por isso eu vou pro ensaio agora muito gatinha e descolada.
A tia saiu sorrindo.
Ela Tomou banho, arrumou os cabelos cacheados, passou silicone pra dar aquele brilho, passou gloss e rímel. Colocou um vestido soltinho, pegou a bolsa e uma jaqueta, afinal, fim de tarde na serra era friozinho na certa.
- Tio posso usar seu carro?
- Sim, mas cuidado tá?
- Tá.
Durante o percurso ela riu da própria ridicularidade, afinal ela tinha se arrumado toda para um cara estranho. A solteirice estava mexendo com ela.
Assim que chegou na igreja a prima veio abraça-la.
- Amanda! Que saudade! Vem, só tava faltando você pra começar. Deixa eu te apresentar seu par.
De costas ela aprovou o que viu, estatura mediana, moreno, cabelo escuro e ondulado chegando a cobrir o pescoço, atlético, calça jeans, camiseta preta. “Uhuuuu! Jeans e camiseta preta, que combinação!” Ela pensou instantaneamente.
- Noah, essa aqui é Amanda, minha prima, e seu par no casamento.
Então ele virou-se e ela não acreditou no que viu.
- Eu adoraria dizer que é um prazer conhece-la, mas já nos conhecemos não é?
Era ele, o cliente insuportável, ela realmente não tinha sorte.
- É já nos conhecemos, ele compra na loja onde trabalho...
A inocente Luana abriu um sorriso.
- Que bom, vai ser mais fácil pra vocês se enturmarem!
Dessa vez quem riu maliciosamente foi ele.
- Certamente.
Então tudo começou, as moças do cerimonial explicavam tudo, e Amanda não prestava atenção em nada, assim que ouviu o sinal para entrar ela pegou o braço do seu par e se preparou, até que uma voz média falou a seu ouvido: - Esse é o lado do homem. – Era ele, e a voz era incrível, mas a antipatia que ela sentia fazia com que resistisse a qualquer atrativo que Noah pudesse ter. Passou para o lado certo e entrou. Muito apressada, pegando seu par desajeitadamente, sentindo os olhos dos outros padrinhos nela. Então ele segurou firme seu braço tentando fazer com que ela fosse mais devagar. Não gostou e olhou feio pra ele. A mestre do cerimonial pediu que entrassem novamente. E Amanda disse disfarçadamente para seu par: - Para de me puxar se não eu piso no seu pé com meu salto.
- Pare de entrar na igreja como se fosse correr uma maratona então eu não te puxo mais.
As crianças entraram, a noiva, os pais dos noivos, tudo nos conformes, e após o ensaio todos saíram pra jantar num restaurante. Assim que chegaram Luana e Amanda foram para o banheiro.
- Então o que você achou dele?
Amanda deu uma de distraída para não responder.
- Fala Amanda!
- Hum... Ele é chato, sabe ficava me puxando, e ensinando as coisas o tempo inteiro, sem contar que é um cliente super mal educado, você acredita que ele já foi fazer reclamação com meu gerente? Levei a maior bronca.
Luana fez cara de espantada.
- Noah fez isso? É de espantar, ele nunca foi o cara mais falante do mundo mas costuma ser muito educado com as pessoas, vai ver ele estava num dia ruim. ( Na verdade ela estava quem  tinha tido, mas não disse nada)
- E o que tenho haver com o dia ruim dele?
- Dá uma chance vai, ele é bonito, bem resolvido, bem empregado, maduro, tudo o que qualquer mulher quer. – Disse Luana remexendo no cabelo.
- Não sou qualquer mulher.
- Mas tá solteira...
- Mas você é mesmo uma vaca!
Enquanto estavam na mesa Amanda começou a observa-lo disfarçadamente. Era realmente bonito, moreno, rosto forte, mandíbulas marcadas, olhos cor de âmbar. E tinha uma maneira interessante de se movimentar, era como se todos os seus movimentos fossem ensaiados para serem os mais bem executados que possíveis.  Estavam sentados lado a lado, até que ele olhou pra ela e disse:
- E ai gostou?
- Gostou de quê?
Ele sorriu de um modo irritante.
- De mim, você não para de olhar, imagino que deva estar gostando.
Ela ficou vermelha até os fios de cabelo.
- Eu não estava olhando pra você... Mas você tem mesmo que ser essa pessoa desagradável?
Ele continuou sorrindo.
Ao fim do jantar Luana pediu que ela levasse Noah pro hotel, porque ele havia deixado o carro e ido de carona com o noivo, que era seu amigo de longas datas. Enquanto estavam no carro ela tentou não falar muito, mas suas tentativas logo foram invalidadas.
- Então você é uma garota do interior que mora sozinha na capital.
- Sou.
Ele demorou uns instantes e falou novamente:
- Porque quis ir embora daqui?
- Porque aqui não tinha meu curso da faculdade, porque sempre quis ser independente, e porque depois que meus pais morreram eu queria mudar de ares.
Ele respondeu prontamente.
- Me desculpa por perguntar tanto, não queria ter te obrigado a falar dos seus pais.
Ela sorriu.
- Tudo bem, já passei da fase em que esse assunto me deixava triste.  Acho que chegamos.
Ele demorou um pouco, tirou o cinto de segurança, e depois falou: - Boa noite, foi bom te conhecer fora da loja, você parece menos... Estressada.
- E você não parece menos mal educado.
Os dois sorriram e depois ela foi pra casa.
No dia seguinte era o dia do casamento, Amanda acordou muito cedo e foi pro mesmo hotel que a noiva, as duas conversavam e sorriam se divertindo. A cerimonia começaria de noite, mas as 14:00 da tarde começaram a se arrumar. Fizeram todo aquele ritual de beleza que a ocasião exige, massagem, banhos, escova pra preparar os cabelos, penteado, maquiagem, unhas. Então ficaram prontas.
Ao se ver no espelho Amanda estava muito satisfeita. O vestido que usava era magnífico, vermelho, com a saia toda plissada, e em cima havia um corpete decotado por dentro de uma renda transparente, que terminava num decote profundo nas costas, e era fechada por um sequencia de botões que pareciam pequenas pérolas. A maquiagem e os cabelos estavam na vibe certa pra aquela ocasião, Estava se sentindo poderosa. E tentava não pensar no efeito que seu look ia causar no seu par lindochatoqueseacha.
Assim que desceu do prédio ele estava de carro esperando, e ela nem conseguiu reparar se ele estava impressionado com sua produção porque era ela quem estava impressionada. Se ela muito bonito de jeans e camiseta, ficava fora de série de terno.
- Oi Amanda, você está linda.
Ela controlou pra não dizer que ele estava maravilhoso.
- Muito obrigada... Você também está muito lindo.
Então ele abriu a porta, ela entrou e rumaram pra igreja.
No caminho ela tive a brilhante ideia de ajustar o assento do banco. Assim que ele abriu a porta e ela desceu só percebeu que havia algo de errado quando ouviu o som de tecido se rasgando e apenas 15 centímetros de tecido cobriam suas pernas.
- Meu Deus! - Ela gritou quando percebeu que seu vestido tinha ficado preso na parte de baixo do banco quando ajustou.
- Como vou entrar assim Noah?
Ele tentava segurar o riso.
-Não faço a mínima ideia.
- Você tá querendo rir? É sério? Como eu vou explicar pra Luana que não vou entrar? Você sabe há quanto tempo ela planeja esse casamento?
- Liga pra ela e fala o que aconteceu.
- Eu não posso ligar, ela já deve estar nervosa, e vai se estressar mais se eu disser o que tá acontecendo.
- Mas você também não pode deixar as pessoas desavisadas, e só por curiosidade, você pretende ficar seminua aqui no estacionamento mesmo?
Só então ela correu pro carro, ele entrou e se sentou ao lado dela.
- Tudo bem vou ligar. - Ela dizia isso discando o numero de Luana.
-Oi Lua, aconteceu algo horrível, eu rasguei o vestido sem querer e estou quase nua no carro, não tenho como entrar...Não eu não trouxe outra roupa... Tudo bem eu vou tentar fazer algo, eu prometo que vou entrar. - Ela desligou o telefone e disse:- Ela me fez prometer que ia dar um jeito e entrar, nós temos quinze minutos, pode me ajudar?
- A única roupa que tenho nesse carro, é um par de calça e camisa que sempre deixo de reserva, mas são roupas de homem, e ficariam enormes em você.
Mas era a única opção, e ela tinha feito uma promessa.
- Me dá a calça.
- O quê?
- Isso mesmo, me dá a calça.
Ele estava sem acreditar.
- Você não pode entrar com minha calça, não vou entrar com você assim.
- Eu fiz uma promessa, e vou ter que cumprir, e se você não entrar comigo eu entro sozinha.
Ele então pegou a calça, ela tentou transformar o que sobrou do vestido numa blusa, prendeu a calça com uma fita de cetim que dividia a saia e a blusa do vestido. E se dirigiu a igreja. 
Foi assim que debaixo de olhares incrédulos ela cumpriu sua promessa. E virou a piada do ano de todos que estavam no casamento.

Espero que tenham gostado! 

Abraços até a próxima!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Continuação: Ao Luar



De: Lily Santos
Obra: Ao Luar


Cap. 2
Nascimento


Depois de sugar o primeiro humano o sentimento de culpa só esperou até que o prazer animalesco fosse embora, e ela finalmente se desse conta de que independente do que estava sentindo havia no seu colo o corpo de um homem morto, e aquilo era responsabilidade dela.
- Ah meu Deus, eu... O que foi que eu fiz?
- Se alimentou dele, e não importa o quão má isso te faz sentir, é disso que você precisa para sobreviver agora.
Dara teve uma onda de pânico crescendo dentro de sí, que culminou num choro soluçante. Não queria ser aquele monstro. Passou a mão nos olhos e percebeu que chorava lágrimas de sangue. Então a estranha companheira disse:
- Chorar sangue também faz parte de quem você é agora, não há opções querida, aceite.
Olhando mais uma vez para o corpo do morto pálido ela respondeu:
- Eu não sou uma assassina, não quero ser.
A pequena vampira sorriu.
- Quando você encontrar algo que não seja sangue humano no cardápio de uma vampiro então não será uma assassina, até lá mate de maneira limpa e unicamente para sobreviver, e ninguém vai notar que você existe. Bem vinda a sua nova vida, ou morte... Como é que você se chama mesmo?
- Dara.
- Dara, sou Muriel.
Depois de soltar um papel no ar com seu telefone, ela saiu de lá numa velocidade tão grande que mal deixou pegadas na areia.
Dara levou o corpo de sua primeira vítima para o dique artificial que havia naquele trecho da praia, e de lá o atirou no mar.
Os primeiros dias foram os mais difíceis, Dara teve que abandonar tudo o que tinha lutado pra conquistar em sua vida. Largou o emprego, nunca chegou a se matricular na faculdade. mas não conseguia pensar num modo de afastar os pais, pois ia chegar o momento em que eles iam notar algo, não queria que eles soubessem o que era agora.
No sábado anoite seus pais chegariam, ela não estava com sede ainda, desde a noite da praia já faziam 3 dias. Seu maior medo era perder a razão e matar os pais. Aquela seria a ultima vez que os veria, não podia coloca-los em risco, depois venderia aquele apartamento, que tinha sido um grande presente deles, e iria para longe, depois de alguns anos eles parariam de procura-la, e ela teria a eternidade para se lembrar deles, isso certamente iria doer, mas era necessário. Não sabia como ia conseguir matar novamente, na verdade tinha certeza que conseguiria, mas não estava preparada pra isso ainda. Adiaria esse momento para depois, e se concentraria em planejar os mínimos detalhes.
A casa estava preparada, esperava apenas a campainha tocar avisando que os pais tinham chegado, já tinha recebido uma mensagem da mãe dizendo que iam chegar mais tarde do que previam porque a estrada estava sendo desviada por conta de um acidente, mas já passava da meia noite e começou a sentir que algo não ia bem, nunca tinha sido dada a pressentimentos, talvez isso seja algo que tenha vindo com o vampirismo, mas ela tinha certeza de que tinha acontecido algo, não sabia quem procurar, não podia mais manter contato com os antigos amigos. Ligou para Muriel.
- Alô.
- Eu preciso da sua ajuda, aconteceu alguma coisa com meus pais, queria que você me ajudasse com isso, desculpa mas não conheço mais ninguém que eu possa chamar, não depois de me tornar vampira.
Ela suspirou e respondeu: - Tudo bem, onde te encontro?
- Na minha casa. Deixa eu te dizer como chegar...
- Não precisa, eu sigo seu cheiro.
Em instantes as duas estavam juntas na sala.
- Então novata, o que houve?
- Não sei, meus pais já deveriam ter chegado, eles avisaram que iam se atrasar, mas de repente eu comecei a sentir que algo tinha se rompido, não sei dizer exatamente o que, mas eu tenho certeza que tem relação com meus pais. Não queria sair atrás deles como uma louca, além do que estou com medo do que vou encontrar.
Muriel respondeu impaciente:
- Olha não sou sua criadora, você não pode ligar pra mim toda vez que não souber o que fazer, eu não tenho nenhum tipo de obrigação de cuidar de você!
-Desculpe, eu pensei que talvez... Tudo bem, pode ir eu me viro.
- Já estou aqui, mesmo, sabe por onde seus pais vem?
- Sim, conheço a estrada.
Muriel fazia um rabo de cavalo nos cabelos enquanto respondia: - Então vamos correr por ela, pra tentar encontrar algo, fique o tempo todo atrás de mim, já que não sabe como agir, observe.
Era a primeira vez que Dara corria daquela maneira, se sentia livre, como se nada mais no mundo pudesse retê-la, atingia uma velocidade incrível, e logo estavam na estrada. Quando estavam numa região em que o que restava da mata atlântica tornava a noite mais escura, zona da mata, depois de alguns instantes naquela região todo seu corpo reagiu ao cheiro que já tinha se tornado conhecido. Apesar disso entrou em pânico, então Muriel começou a reduzir a velocidade, e quando ela parou, Dara parou logo atrás vendo instantaneamente a cena que a deixou sem ação.
O carro dos pais estava parado, com as portas abertas, o cheiro de sangue enchia o ar, imediatamente Dara se aproximou, até que pode ver a cena que ficaria gravada em sua mente por toda eternidade. O pai estava sentado ao volante, com a cabeça virada para traz, como se olhasse pra cima, o pescoço estava completamente dilacerado. A mãe estava ao lado na mesma situação, e surpreendentemente havia outro corpo no banco de traz, um jovem rapaz, com o coração arrancado e jogado no banco ao seu lado. O sangue era abundante no carro, fazendo com que a vampira recém-criada não conseguisse manter suas presas escondidas. Precisou de alguns instantes para processar o que via e então começar a chorar, chorar lágrimas sanguineas.
- Você sente esse cheiro?
Dara não respondeu.
- É o mesmo cheiro que senti em você no dia que te conheci, tenho certeza.
Dara soluçava, e só sentia cheiro de sangue.
- Como você consegue prestar atenção em cheiros? Meus pais estão mortos!
- Você tem que parar de ser emocional e pensar, essa morte foi feita por um vampiro, esse lugar está com cheiro de vampiro, e com o mesmo cheiro do vampiro que te criou!
Então secando as lágrimas Dara falou.
- Não bastava me transformar, ele tinha que se alimentar dos meus pais?!
- Ele não fez isso para se alimentar, o sangue está espalhado, os pescoços destroçados, ele quer mandar um aviso.
- Que tipo de aviso?
- Ele está avisando que não quer ser procurado, e parece que fez algo no papel de criador... Antes que você pergunte “Como assim?” Eu respondo, o ultimo resquício de humanidade que sobra quando alguém é transformado são os pais, seus criadores humanos, quando os pais ainda existem não importa o quão sanguinário um vampiro seja, ele ainda tem humanidade, mas quando os criadores humanos morrem, ai nasce o assassino frio que existe dentro de cada vampiro.
Dara ouvia tudo aquilo sem processar bem as informações que recebia, tudo o podia sentir era raiva que crescia dentro de si, era tão forte que precisava colocar pra fora. Sem pensar muito derrubou Muriel no chão, e disse:
- Me diga onde posso encontra-lo?
Mas no mesmo instante Muriel reverteu a situação e a imobilizou completamente. E falou num tom tão calmo que era arrepiante:
- Nunca mais me ataque novamente, posso matar você num piscar de olhos. Não sei onde está seu criador, e mesmo que soubesse você não pode mata-lo, nenhum vampiro pode matar seu criador. Agora vamos embora daqui antes que mais alguém chegue.
Ao dizer isso Muriel liberou Dara.
- Não podemos ir.
- Ótimo então fique você.
E com tal velocidade Muriel saiu como se nunca antes tivesse estado naquele lugar.
Ao ouvir as sirenes Dara também foi obrigada a sair correndo. Mas estava decidida, mesmo que gastasse sua eternidade nisso, sacrificaria qualquer coisa. Um dia iria ver seu criador com o pescoço destroçado, exatamente do jeito que ele tinha feito com seus pais.
A partir daquele dia algo cresceu nela, o desejo de matar, e sabia exatamente como se alimentaria, matando quem causava tudo o que ela tinha sentido naquele dia em outras pessoas, e nunca mais sentiria remorso em matar, não pensaria duas vezes.
Naquele dia nasceu uma vampira fria e sanguinária.


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